sábado, 14 de novembro de 2015

De luto.

Estou aqui sentada, no sossego da minha vida e no conforto da minha casa, com a minha filha deitada ao meu lado. Ela brinca com uma fralda de pano e de vez em quando olha para mim e sorri. Indiferente a tudo o que se passa, desconhece a maldade que há no mundo, felizmente. Ela, aqui deitada no seu sossego, na sua paz, na sua alegria de viver, na sua pureza de alma, no seu coração cheio de amor e na sua cabeça vazia de maldade, faz-me pensar. Ela não se importa com o tom de pele de quem por ela passa. Ela desconhece o significado do véu islâmico e do crucifixo cristão. Ela vê pessoas, vê simplesmente pessoas, independentemente das suas crenças religiosas e da sua cor. Ela sabe muito mais do que muitos. Ela vê com muito mais clareza do que muitos.


Como será possível, alguns de nós, um dia, ficarmos tão longe daquilo que já fomos? Talvez seja infantil esta minha maneira de pensar, mas não consigo entender, por mais que tente, como há quem perca toda a inocência que um dia já teve. Não consigo entender, como há quem deite fora toda a bondade que connosco nasce. Como há quem apague todo o amor que já sentiu?
Hoje, dificilmente poderemos viver de tanto rir. Hoje, até mesmo quem quer, terá dificuldade em rir. Hoje o dia é triste, hoje o dia é de pouca luz. No entanto, hoje o dia é de ainda mais amor, para todos aqueles que não se esqueceram do que já foram.

Autoria da imagem: Jean Jullien

Sem comentários:

Enviar um comentário