segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Acontece-vos o mesmo?

Desde que fui mãe há uma certa tendência para os meus amigos acharem que deixei de ter vida. Parece que na cabeça de algumas pessoas, esta minha nova condição de ser mãe, impede-me de querer sair, jantar fora com uns amigos, dançar, beber uns copos, ir simplesmente passear numa tarde de domingo. "Não te convidei, porque agora como és mãe..." Agora como sou mãe o quê?! Tenho a dizer que sim, sou mãe e agora que sou mãe estou mais viva do que nunca. Digo até, que estou com mais vontade de viver do que antes. Agora que sou mãe, sinto-me mais alegre, mais completa, mais cheia, mais feliz, com mais vontade e com mais vida.

Alegria de estar e de viver.
Esqueçam-se dessa ideia (que foram buscar não sei onde), de que nós mães vivemos num mundo que não vai muito mais para além de fraldas, leite, berros e papa pelo ar. Nós fazemos muito mais do que isso e precisamente por sermos mães, percebemos que os dias podem ter 48 horas ou mais, se quisermos. Ser mãe, exige-nos uma capacidade de gerir o tempo que nunca achámos ser possível. Cumprir com todas as tarefas que já faziam parte do nosso dia a dia e acrescentar a isso, todos os malabarismos que um bebé nos obriga a fazer, é obra, mas é possível. Não só é possível, como o medo de não ter tempo para tudo resulta em ficarmos com tempo de sobra para fazermos o que nos apetece. Algumas mães, com filhos mais ariscos, hão-de estar a achar-me uma palerma que vem para aqui romancear a loucura que é ter um ser de 60 cm em casa, já para não falar das que têm mais do que um filho, ou dois ou três!!! Bem sei que é uma loucura, mas na verdade tenho sorte, a minha filha é uma simpática e são poucas as vezes que tenho vontade de me trancar no armário aos berros (disse poucas, não inexistentes) e por isso tenho tempo para muita coisa, inclusivamente para estar com os meus amigos, assim eles não queiram pensar que me transformei num alien.

Passear é bom e faz bem.
Se ser mãe condicionou a minha vida, como me perguntam tantas vezes? Sim, claro que sim, mas se não quisesse esta condição, não teria sido mãe. São mais as vezes em que o programa de sexta-feira à noite é ficar em casa à espera de ser requisitada para preparar um biberão de leite, do que as vezes em que saio por aí com destino incerto. No entanto, a segunda hipótese, felizmente, ainda faz parte dos meus planos e espero que faça por muito tempo. No que diz respeito aos passeios de domingo à tarde, tenho a informar que os bebés podem sair de casa, podem e devem apanhar ar e até podem ir a esplanadas. Só não convém oferecer-lhes café ou uma sagres, mas de resto até gostam do convívio (pelo menos a minha gosta).

Gelado também não convém.
Ser mãe é uma aventura que todos tentam, atenciosamente, entender, mas que nem todos conseguem. Ser mãe é muito mais intenso do que alguns imaginam, mas ao mesmo tempo, muito menos impeditivo do que a maioria pensa. Ser mãe não é deixar de ter vida, mas sim ganhar muito mais amor à vida. Ser mãe não é deixar de ter tempo, mas sim aprender a multiplicar o tempo.
Ser mãe é ser mãe e ser mais ainda do que sempre fomos.



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