segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Acho que é mesmo assim...

Faz amanhã dois meses que eu a deixei lá "sozinha", a tentar não olhar para trás, e faz amanhã dois meses que ela cheia de coragem, por lá ficou com aquele sorriso que é a minha luz e que nunca a deixa. Faz amanhã dois meses que aprendi a ser mais forte e percebi que ela é muito mais valente do que aquilo que pode parecer à primeira vista. Faz amanhã dois meses que a deixei pela primeira vez na Creche.
Posso começar por dizer que não foi um dia fácil! Ao fim de quase cinco meses sem estar longe dela por mais do que uma hora, deixá-la lá, por um dia inteiro, fez-me sentir louca. Temos sempre a sensação de que somos as únicas que sabemos cuidar dos nossos mais que tudo como deve ser e que eles só se entendem bem connosco.

Minha, muito minha.
No meu caso, não podia estar mais enganada! É verdade que tinha apenas quatro meses e meio e que isso, certamente, a ajudou a ter ficado lá na maior. Na verdade nem percebeu bem o que se estava a passar e ainda bem. Com quatro meses e meio querem a barriguinha cheia e muito mimo, venha ele de onde vier (vendidos) e ali, no sítio onde a deixei, eu sabia que muito amor não lhe ia faltar. Se por um lado a alegria imensa com que ela lá ficou, me deixou mais descansada, por outro lado quase me senti traída!!! Então? Eu é que sou a tua mãe (que orgulho), que te carregou na barriga nove meses (a muito custo), que te deu de mamar (e que dores que foram), que te adormece todas as noites (e que simpática que és), que te dá aquele colinho quando choras (e que bom que é) e agora deixas-te ir assim com estas senhoras que não conheces de lado nenhum (traidora)? Confesso que foi um misto de sensações que tive alguma dificuldade em gerir, mas pelo menos fui embora descansada, dentro do que achei possível. Senti que para ela, ser deixada ali, foi como ir a uma festa onde podia curtir à vontade sem a supervisão da mãe! Que bom! Resumindo, acho que me custou bem mais a mim do que a ela.

Por mim, passava os dias assim.
Na passada quarta-feira recebi aquele telefonema que tememos receber e esperamos que nunca aconteça, embora saibamos que mais tarde ou mais cedo, inevitavelmente, vai acontecer. Ligaram-me da Creche a pedir que a fosse buscar assim que pudesse porque ela não estava muito bem, estava a vomitar. Pânico!!! Nunca nos interessa se têm só um macaco no nariz ou se o caso é mais grave, se estão com algum desconforto, ficamos logo desvairadas e viramos o mundo de pernas para o ar até que eles fiquem bem. Eu pelo menos sou assim. Os bebés não deviam sofrer, devia haver uma lei (já que há tantas e tão idiotas) que proibisse os bebés de sofrer (esta lei também seria idiota, mas parece-me muito bem)! Sair da barriga da mãe, é logo uma tarefa bem difícil e a minha que o diga que até de ventosas precisou às quarenta e uma semanas. Estava lá muito feliz no bem bom e sair está quieto. Depois começam logo a levar picas os desgraçados e quando acham que tudo acalmou vêm as cólicas, as abomináveis cólicas. Para completar, os dentes (ainda não chegámos lá, estamos quase).
Já não bastava isto tudo e ainda apanham aquelas viroses terríveis na creche, sítio onde somos obrigadas a deixá-los, estupidamente, ao fim de quatro meses!!! QUATRO MESES???!!! O que é que se passa com este mundo?
Mas voltando ao assunto, lá me chamaram da creche e lá fui eu a correr. Felizmente, quando lá chegámos, eu e o pai que também veio logo a correr (é capaz de ser mais galinha do que eu), lá estava ela com aquele sorriso que não a larga mesmo por nada (que maravilha)!

Babadão.
Por milagre arranjámos uma consulta com uma pediatra que gostámos muito e foi-nos dito que não era nada de mais, só precisava de fazer uma dieta. Que ALÍVIO! A "melhor" parte foi a ordem de ter de ficar em casa com a mãe até passar. Alegria total. Se por um lado me senti triste por saber que a minha cogumela estava com a barriga avariada, por outro lado a alegria de poder estar quatro dias, só eu e ela, cheias de amor e de mimo, deixou-me feliz da vida. E assim se passaram quatro dias de uma cumplicidade cada vez maior, de montes de gargalhadas, de babás e bubus, de traquinices, de amor, de carinho, de mimo, de beijinhos, de abraços, de tudo e tudo e tudo o que é bom nesta vida. Até palmas começou a bater (babada)!!! Hoje chegaram ao fim estas nossas férias de paixão. Se por um lado me sinto feliz por ela já estar pronta para continuar a sua aventura, por outro lado o meu coração está outra vez mais pequenino.
Acho que ser mãe é mesmo assim!

Mostrar o mundo.




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